Hábito de leitura


O uso frequente de bibliotecas públicas e de leitura, tradicionalmente abaixo da crítica, vem caindo ano após ano. A conclusão consta da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, em sua terceira edição, patrocinada pelo Instituto Pró-Livro para avaliar esse hábito entre os brasileiros.


Insignificante, também, é a leitura de livros, a cada ano, constatada por essa pesquisa de âmbito nacional, traçando as linhas gerais do mercado editorial brasileiro e do acesso ao livro. Comparados às edições anteriores, os números estão em queda. Pelo último levantamento, 75% da população jamais frequentaram uma biblioteca




Este fato é sintomático. A difusão do livro, no País, se processou pela via da cultura portuguesa, numa época em que o acesso aos livros era privilégio restrito às elites. Além do mais, havia o controle sistemático da divulgação conduzido pelos tentáculos políticos e religiosos, que manipulavam a criação intelectual e vigiavam o público letrado.



O livro foi objeto de consumo restrito pelos grupos elitistas durante os séculos de colonização. Só depois se expandiu à medida que diminuía seu custo de produção. O crescimento editorial iria ocorrer durante o século XX, com a ampliação das comunidades universitárias, a diversificação dos grupos graduados e a organização das bibliotecas públicas.



Ainda assim, até hoje o Ministério da Cultura não conseguiu universalizar pelos 5.565 municípios do País a rede de bibliotecas públicas, embora se disponha a oferecer recursos técnicos e acervos atualizados para cada unidade instalada. Nesse ponto, houve algum avanço, nos últimos anos, em face da adesão ao programa das Secretarias Estaduais de Cultura, executoras da política do livro.



O programa do Livro Popular, financiando a aquisição de livros para as bibliotecas municipais, vem mudando a falta de costume para com a leitura em cidades marcadas por restrito ambiente cultural. Em parte, esse programa já não se generalizou por indiferença demonstrada pelos gestores locais. O atraso demonstra o nível de governo existente.



A pesquisa do Instituto Pro-Livro constatou queda na frequência às bibliotecas públicas municipais de 11% para 7%, entre 2007 e 2011. O universo entrevistado envolveu cinco mil consulentes distribuídos por 315 municípios. A sondagem sobre as linhas gerais do mercado editorial concluiu ser a metade da população considerada leitora. Em números, essa constatação corresponde a 88,2 milhões de pessoas. Mas a média de leitura para cada pessoa, de Quatro livros por ano, é baixa. A comercialização do livro sofre os efeitos de seu preço elevado. Há cinco anos, o mercado editorial foi beneficiado por uma desoneração tributária com o objetivo de eliminar essa barreira. A resposta, no entanto, não produziu os efeitos esperados. O preço do livro continuou elevado por conta de edições limitadas e dos poucos leitores.



As bibliotecas públicas no Brasil, apesar de número restrito de usuários, ainda é frequentada por 44,1 milhões de consulentes, a maioria com idade entre 5 e 11 anos (55%). Os homens predominam sobre o contingente feminino. No item escolaridade, 27% frequentam até a 4ª série; 27% concluíram o ensino fundamental; 24% o ensino médio; e 20% o ensino superior. Portanto, a maior demanda é por pesquisas escolares.



A formação de leitores é um projeto de longo prazo, requerendo que a escola e a família juntem esforços para convencer o jovem de que o livro não didático é uma fonte básica para a formação intelectual e definição da personalidade.


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Eva Aires - 2011. Tecnologia do Blogger.

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